A água do rio leva
A água do rio leva
Violetas ao comprido;
Ainda ontem me disseram
Que não casavas comigo.
Que não casavas comigo,
Que m’andavas a enganar;
Não hei-de casar contigo,
Nem se a morte me levar.
Eu casar contigo sim,
Mas por ora ainda não;
Amanhã por esta hora
Te darei o sim ou o não.
Amor, se queres que eu t’escreva
Dá-me a tua direcção!
Sou dali, de Óis da Ribeira,
Maria da Conceição.
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo (in CD “Retoques”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2011)
Ao correr da queda de água
[ Fraga da Pena ]
Ao correr da queda de água
Fui lavar o sentimento:
Deixei acalmar a mágoa
Enquanto escutava o vento.
A saltar entre os penedos,
As águas vão ensinando
As lembranças e os segredos
Que a serra vai murmurando.
E as penas quem as apaga
Para a alma ficar serena?
Penas grandes como a fraga
São como a Fraga da Pena.
E as penas quem as apaga
Para a alma ficar serena?
Penas grandes como a fraga
São como a Fraga da Pena.
Enquanto a tarde se deita
Nas sombras da penedia,
A água aos poucos ajeita
O raiar do novo dia.
Trigueira de água nos dedos
Desce da serra apressada:
Vem a cantar pelos penedos
Para me saudar à chegada.
Enquanto a noite me afaga,
Enquanto a lua me acena,
Adormeço ao som da fraga:
Ao som da Fraga da Pena.
Enquanto a noite me afaga,
Enquanto a lua me acena,
Adormeço ao som da fraga:
Ao som da Fraga da Pena.
E as penas quem as apaga
Para a alma ficar serena?
Penas grandes como a fraga
São como a Fraga da Pena.
Enquanto a noite me afaga,
Enquanto a lua me acena,
Adormeço ao som da fraga:
Ao som da Fraga da Pena.
Letra: Sebastião Antunes
Música: Fernando Pereira
Intérprete: Real Companhia
Versão original: Real Companhia com Ana Laíns (in CD “Serranias”, Tê, 2013; CD “20 Anos Já Cá Cantam” (compilação), Tê, 2016)
Eu fui à barra do Porto
[ Real Caninha ]
Eu fui à barra do Porto
Com vento norte-suão,
Ó real caninha!
Com vento norte-suão,
Só para ver se alcançava
A filha do capitão.
Eu fui à barra do Porto
Com vento norte-nordeste,
Ó real caninha!
Com vento norte-nordeste,
Só para ver se alcançava
A filha do contramestre.
Tenho rendas que me rendem,
Não quero mais trabalhar,
Ó real caninha!
Não quero mais trabalhar;
Tenho um navio no Porto
Com janelas para o mar.
Eu fui à barra do Porto
Com vento norte-suão,
Ó real caninha!
Com vento norte-suão,
Só para ver se alcançava
A filha do capitão.
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo
Primeira versão discográfica de Toques do Caramulo (in CD “Toques do Caramulo É ao Vivo!”, d’Orfeu Associação Cultural, 2007)
Eu no mar e tu no mar
[ É um ar que lhe dá ]
Eu no mar e tu no mar
Ai, andamos ambos perdidos:
Eu no mar desses teus olhos,
Ai, tu no mar dos meus sentidos.
É um ar que lhe dá,
É um ar que lhe deu;
Ai, é um ar que lhe dá,
Quem vira sou eu.
Quem me fora linho fino
Ai, ou retrós de qualquer cor
Para andar no teu peitinho
Ai, a servir de apertador.
É um ar que lhe dá,
É um ar que lhe deu;
Ai, é um ar que lhe dá,
Quem vira sou eu.
Julgavas que eu te queria,
Ai, olha o engano do mundo:
É que os meus olhos já navegam
Ai, noutro pocinho mais fundo.
É um ar que lhe dá,
É um ar que lhe deu;
Ai, é um ar que lhe dá,
Quem vira sou eu.
As noras gemem coitadas
Ai, quando lhes falta a corrente:
Também eu gemo e suspiro
Ai, quando tenho o amor ausente.
É um ar que lhe dá,
É um ar que lhe deu;
Ai, é um ar que lhe dá,
Quem vira sou eu.
É um ar que lhe dá…
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo (in CD “Retoques”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2011)
Fala-me, Rosa
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Coradinha, olé, ó linda,
Coradinha, olé limão!
Toma lá esta laranja
Que eu dou-te o meu coração!
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Quem perdeu o que eu achei:
Um lencinho de assoar?
Tinha três nós de ciúme,
Custaram-me a desatar.
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Coradinha, olé, ó linda,
Coradinha, olé limão!
Dá-me os teus braços, ó Rosa,
Que eu dou-te o meu coração!
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Quem perdeu o que eu achei:
Um lencinho quase novo?
Em cada ponta um suspiro
E no meio um ai que eu morro.
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Fala-me, Rosa, a mim sozinha!
Verás como ficas coradinha.
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo (in CD “Retoques”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2011)
Morro de amor pelas águas da ria
[ Fado Moliceiro ]
Morro de amor
pelas águas da ria;
esta espuma de dor
eu não sabia.
Sou moliceiro
do teu lodo fecundo;
sou a Ria de Aveiro,
o sal do mundo.
Vara comprida,
tamanho da vida;
braço de mar,
a lavrar,
a lavrar.
Morro de amor
nesta rede que teço
e é no sal do suor
que eu aconteço.
Para além da salina
o horizonte me ensina
que há muito mar,
muito mar
para lavrar!
para lavrar!
Poema: José Carlos Ary dos Santos
Música: Carlos Paredes
Intérprete: Mariana Abrunheiro (in Livro/CD “Cantar Paredes”, Mariana Abrunheiro/BOCA – Palavras Que Alimentam, 2015)
Versão original: Carlos do Carmo (in LP “Um Homem no País”, Philips/Polygram, 1983, reed. Philips/Polygram, 1984, Universal, 2000, 2013; Livro/4CD “O Mundo Segundo Carlos Paredes: Integral 1958-1993”: CD5 – “Improvisos”, EMI-VC, 2003)
Nasci em terras de xisto
[ Serra do Açor ]
Nasci em terras de xisto
À beira do rio Ceira
Em lugar de Balsa sem Porto
Numa Serra onde o Açor pousou
Em leito de feno dormi
Cresci na terra do Sorgaço
Correndo em lameiros verdejantes
Ouvi o sopro dos ventos
Junto ao correr das levadas
Vi noite sem luar
Ouvi histórias de bruxaria
Lendas de lobisomens
D’almocreves e mouras encantadas
Vi sementeiras e colheitas
As malhas e debulhas
Saltei fogueiras de rosmaninho
Acendi o madeiro de Natal
Cantei janeiras pelo povoado
Cheirei alecrim e loureiro
Bebi chá de sabugueiro
Nadei nas águas do Alva
Na ponte que tem três entradas
Em Avô, terra de poetas,
Cantei baladas ao luar
Até o galo cantar
Que importa ser acordado
Dos sonhos desta noite
Pela coruja que é a Surga
Ou pelo sino da capela
Tudo isto existe, tudo isto é belo
Nada mudou, tudo está como era dantes…
Letra e música: Fernando Pereira
Intérprete: Real Companhia
Versão anterior: Real Companhia (in CD “Serranias”, Tê, 2013;
Versão original: Real Companhia (in CD “Real Companhia”, Profissom, 1997; CD “20 Anos Já Cá Cantam” (compilação), Tê, 2016)
Outras versões: Real Companhia (in CD “Em Tons de Pastel”, Tê, 2004); Real Companhia (in CD “Em Forma de Abraço”, Tê, 2005)
Nunca te ouvira
[ Ó Pedras Desta Calçada ]
Nunca te ouvira, nem conhecera,
Nunca te eu dera um sinal de amor:
Vem aos meus braços que eu dou-te um beijo!
Vem os meus beijos, linda flor!
Ó pedras desta calçada,
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia à noite,
Que de dia eu bem sei!
Ó pedras desta calçada,
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia à noite,
Que de dia eu bem sei!
Nunca te ouvira, nem conhecera,
Nunca te eu dera um sinal de amor:
Aos meus braços, aos meus beijos,
Aos meus braços, linda flor!
Ó pedras desta calçada,
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia à noite,
Que de dia eu bem sei!
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo
Primeira versão discográfica de Toques do Caramulo (in CD “Toques do Caramulo É ao Vivo!”, d’Orfeu Associação Cultural, 2007)
Ó Bairrada
[ Vira Bairrês ]
Ó Bairrada, ó Bairrada,
Terra da minha Paixão,
Onde eu tenho os meus amores,
Ninguém me diga que não!
Terra da Minha Paixão!
Corri Arcos e Três Arcos,
Famalicão, Anadia…
Ao cruzeiro de Sangalhos
Fui encontrar quem eu queria;
Famalicão, Anadia…
Almas Santas da Areosa,
Dizei-me onde morais
Entre Aguada e Vidoeiro,
No meio dos pinheirais!
Dizei-me onde morais!
Letra e música: Tradicional (Bairrada, Beira Litoral)
Arranjo: Luís Fernandes
Intérprete: Toques do Caramulo
Primeira versão discográfica de Toques do Caramulo (in CD “Mexe!”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2016)
O brio das raparigas
O brio das raparigas,
Ela é minha namorada;
Ó i ó ai, diz a filha para a mãe:
Ó i ó ai, quero uma saia bordada.
Quero uma saia bordada,
Também quero fina meia;
Ó i ó ai, sapatinho à papo-seco,
Ó i ó ai, é bonita, não é feia.
O meu amor não é este
O meu amor traz chapéu;
Ó i ó ai, o meu amor ao pé deste
Ó i ó ai, parece um anjo do Céu.
O brio do rapaz novo
É o chapéu derrubado;
Ó i ó ai, corrente d’ouro ao peito,
Ó i ó ai, o cabelo ondulado.
Não sei se te diga “adeus”,
Se te diga “vou-me embora”;
Ó i ó ai, dizer adeus é saudoso,
Ó i ó ai, quem diz adeus logo chora.
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo com Sara Vidal (in CD “Retoques”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2011)
O lugar de Macieira
O lugar de Macieira (ó ai ó larilolela)
Tem ladeiras a subir: (ó ai)
Quem lá tem os seus amores, (ó ai ó larilolela)
Vai ao céu e torna a vir. (ó ai)
O lugar de Outeiro da Vila (ó ai ó larilolela)
Tem carreiros de formigas (ó ai)
Aonde os rapazes vão (ó ai ó larilolela)
Vigiar as raparigas. (ó ai)
O lugar de Macieira (ó ai ó larilolela)
Tem ladeiras a subir: (ó ai)
Quem lá tem os seus amores, (ó ai ó larilolela)
Vai ao céu e torna a vir. (ó ai)
O lugar de Outeiro da Vila (ó ai ó larilolela)
Tem carreiros de formigas (ó ai)
Aonde os rapazes vão (ó ai ó larilolela)
Vigiar as raparigas. (ó-ó-ó ai)
Quem está sem amores sou eu; (larilolela)
Paciência, ó coração! (ó ai)
Não tenho p’ra quem olhar, (ó ai ó larilolela)
Deito os meus olhos ao chão. (ó-ó-ó ai)
Na Urgueira nasce o Sol, (ó ai ó larilolela)
No Ribeiro faz calor; (ó ai)
No lugar de Macieira (ó ai ó larilolela)
É que brilha o meu amor. (ó-ó-ó ai)
Quem está sem amores sou eu; (ó ai ó larilolela)
Paciência, ó coração! (ó ai)
Não tenho p’ra quem olhar, (ó ai ó larilolela)
Deito os meus olhos ao chão. (ó ai)
Na Urgueira nasce o Sol, (ó ai ó larilolela)
No Ribeiro faz calor; (ó ai)
No lugar de Macieira (ó ai ó larilolela)
É que brilha o meu amor. (ó-ó-ó ai)
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Arranjo: Luís Fernandes
Intérprete: Toques do Caramulo
Primeira versão discográfica de Toques do Caramulo, com Elíseo Parra (in CD “Mexe!”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2016) [ao vivo no Centro Cultural Malaposta, Olival Basto, Odivelas, 21 Mai. 2012 ]
Ó trigueirinha
Ó trigueirinha, trigueirinha engraçada,
Ó trigueirinha, só tu és a minha amada!
Ó trigueirinha, trigueirinha do calor,
Ó trigueirinha, só tu és o meu amor!
Chamaste-me trigueirinha…
Trigueirinha é do pó da eira;
Hás-de me ver ao domingo
Como a rosa na roseira.
Ó trigueirinha, trigueirinha engraçada,
Ó trigueirinha, só tu és a minha amada!
Ó trigueirinha, trigueirinha do calor,
Ó trigueirinha, só tu és o meu amor!
Trigueirinha engraçada
Todo o mundo a cobiça:
Como domingo na igreja
Quem a vê não ouve a missa.
Ó trigueirinha, trigueirinha engraçada,
Ó trigueirinha, só tu és a minha amada!
Ó trigueirinha, trigueirinha do calor,
Ó trigueirinha, só tu és o meu amor!
Trigueirinha, trigueirinha,
Assim me chama o meu Pedro…
Não sou linda de espantar
Nem feia que meta medo.
Ó trigueirinha engraçada,
Ó trigueirinha, só tu és a minha amada!
…do calor,
Ó trigueirinha, ó meu amor!
Ó trigueirinha engraçada,
Ó trigueirinha, só tu és a minha amada!
…do calor,
Ó trigueirinha, ó meu amor!
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo (in CD “Retoques”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2011)
Olé, ó senhora mãe
Olé, ó senhora mãe,
Aquela menina agrada-me bem!
Olé, ó senhora mãe!
Olé, ó senhor, dai, dai
Uma esmola a mim, que eu não tenho pai!
Olé, ó senhor, dai, dai!
Letra e música: Tradicional (Talhadas, Sever do Vouga, Beira Litoral)
Recolha: Michel Giacometti (in LP “Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1970; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 3 – Beiras, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 4 – Beiras, col. Portugal Som, Numérica, 2008)
Intérprete: Segue-me à Capela (ao vivo no Teatro da Luz, Lisboa)
Primeira versão de Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)
Olha para a água!
Olha para a água!
Ri-te para mim!
Põe o pé na areia!
Faz assim, assim!
Meu amor não anda
Nada satisfeito:
Põe o pé na areia,
Faz assim a eito
Olha para a água!
Ri-te para mim!
Põe o pé na areia!
Faz assim, assim!
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo com o Coro Infantil EMtrad (in CD “Retoques”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2011)
Onde vais, Maria Alice?
[ Maria Alice ]
«Onde vais, Maria Alice?
Onde vais tu a chorar?»
Vou chamar o meu marido,
Está na taberna a jogar.
Está na taberna a jogar
Com uma grande bebedeira:
Se eu casei para estar sozinha
Mais valia estar solteira.
Mais valia estar solteira,
Solteirinha estava bem:
Estava à sombra de meu pai,
Carinhos de minha mãe.
«Onde vais, Maria Alice?
Onde vais tu a chorar?»
Ai! ai! ai!
Ai! ai! ai!
Ai! ai! ai!
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Arranjo: Luís Fernandes
Intérprete: Toques do Caramulo
Primeira versão discográfica de Toques do Caramulo (in CD “Mexe!”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2016)
Pedrinhas da fonte
Pedrinhas da fonte cheiram a limão,
Eu tenho na sina de amar o João.
Sim, sim, Mariquinhas, sim!
Não, não, Mariquinhas, não!
Deixa amar quem ama,
Não tenhas paixão!
Pedrinhas da fonte cheiram a café,
Eu tenho na sina de amar o José.
Sim, sim, Mariquinhas, sim!
Não, não, Mariquinhas, não!
Deixa amar quem ama,
Não tenhas paixão!
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo com Sara Vidal (in CD “Retoques”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2011)
Padre-Nosso que organizais festas
[ Padre-Nosso dos Músicos ]
Padre-Nosso que organizais festas:
Santificado seja o vosso dinheiro;
Venha a nós o vosso arame;
Seja feita a nossa vontade tanto no salão como no coreto;
Perdoai-nos algum toque falso
Ou alguma nota desafinada,
Assim como nós vos perdoamos o pedido de abatimento no preço,
E livrai-nos de festas gratuitas e a seco.
Ámen.
Letra: Tradicional (Águeda, Beira Litoral)
Informante: David Fernandes
Música: Hermeto Pascoal
Intérpretes: David Fernandes / Hermeto Pascoal & Aline Morena (2009, in CD “Mexe!”, de Toques do Caramulo, faixa 6, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2016) [a partir de 00′:23” >> YouTube]Toques do Caramulo:
Luís Fernandes – voz, acordeão, flauta, viola braguesa
Pedro Martins – bandolim, violino, coros
Miguel Cardoso – contrabaixo, coros
Alex Duarte – guitarra, flauta, coros
Gonçalo Garcia – bateria, percussões, coros
Músicos convidados:
Eliseo Parra – voz (em “O Lugar de Macieira”) e percussões
Sónia Sobral – acordeão (em “Senhora do Livramento I”)
Ana Conceição – violoncelo (em “Senhora do Livramento I”)
Manuel Maio – bandolim (em “Passar de Mão”, “Senhora do Livramento I” e “Senhora do Livramento II”), coros, adufe, teclado
Rui Ferreira – cavaquinho (em “Pena Verde”), adufe
Outras participações:
David Fernandes – voz falada (em “Padre-Nosso dos Músicos” e “Passar de Mão”)
Hermeto Pascoal – Som da Aura (em “Padre-Nosso dos Músicos”)
Aline Morena – voz (em “Padre-Nosso dos Músicos”)
Arranjos – Luís Fernandes, excepto em “Senhora do Livramento I” (Luís Fernandes e Manuel Maio) e “Padre-Nosso dos Músicos” (Hermeto Pascoal)
Produção – Eliseo Parra e Manuel Maio
Gravado no estúdio de Eliseo Parra, em Candeleda, Ávila (Espanha) e nos estúdios do DeCA – Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, de Fevereiro a Maio de 2016
Captações – Manuel Maio e Luís Pedro Silva
Mistura e masterização – Rui Ferreira
Apoio às gravações – Gonçalo Abade e Gonçalo Garcia
Senhora do Livramento
Senhora do Livramento,
Livrai o meu namorado
Que me vai deixar sozinha
Ai meu Jesus, ai meu Jesus!
Pela vida de soldado!
As vossas tranças, Senhora,
São loiras como as espigas;
Senhora do Livramento,
Ai meu Jesus, ai meu Jesus!
Protegei as raparigas!
Hei-de bordar a toalha,
Senhora, do vosso altar,
E a camisa do meu noivo
Ai meu Jesus, ai meu Jesus!
Quando me for a casar.
Senhora do Livramento…
Senhora do Livramento…
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Arranjo: Luís Fernandes e Manuel Maio
Intérprete: Toques do Caramulo
Primeira versão discográfica de Toques do Caramulo (in CD “Mexe!”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2016)
Toma lá esta Laranja!
[ Laranjinha ]
Toma lá esta Laranja!
Não digas que eu que ta dei!
Eu não tenho um laranjal,
Dizem que eu que a roubei.
Dizem que eu que a roubei
E acredita o povo todo;
A laranja foi criada
No laranjal do meu sogro.
No laranjal do meu sogro,
No quintal da minha avó:
O laranjal do meu sogro
Deu esta laranja só.
Letra e música: Tradicional (Beira Litoral)
Intérprete: Toques do Caramulo (in CD “Retoques”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2011)
Verde-Gaio, Pena Verde
[ Pena Verde ]
Verde-Gaio, Pena Verde,
Vem cantar ao meu jardim!
Põe o pé na manjerona,
O bico no alecrim!
Não há nada que mais cresça
Como o pé da melancia!
Quem tem o amor ausente
Chora de noite e de dia.
Ó terra da minha terra,
Sombra da minha ramada!
Eu hei-de voltar a ela
Ou solteira ou casada!
Verde-Gaio, Pena Verde,
Verde-Gaio, Pena Verde,
Pena, Verde-Gaio, Pena,
Gaio, Pena Verde, Gaio.
O Verde-Gaio é meu
Que me custou bom dinheiro:
Custou-me quatro vinténs
Lá no Rio de Janeiro.
Verde-Gaio, Pena Verde,
Empresta-me o teu vestido!
O meu vestido são penas,
Em penas ando vestido.
Verde-Gaio, Pena Verde,
Verde-Gaio, Pena Verde,
Pena, Verde-Gaio, Pena,
Gaio, Pena Verde, Gaio.
Letra e música: Tradicional (Verde-Gaio de Casal d’Álvaro, Beira Litoral)
Arranjo: Luís Fernandes
Intérprete: Toques do Caramulo
Primeira versão discográfica de Toques do Caramulo (in CD “Mexe!”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2016)
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