Canções a Jesus
1º Hino do Senhor Santo Cristo
Santo Cristo! Esperança Divina,
Horizonte de Eterna Vitória.
Quero a vida na Vossa Doutrina
E na morte o Reino da Glória
Santo Cristo, O! Estrela Brilhante,
Ó ! Farol que guiais ao abrigo;
A minh´alma navega errante,
Glória a Cristo na hora do perigo.
Coro
Glória a Cristo no céu e na Terra,
Glória a Cristo no Vinho e no Pão,
Glória a Cristo no Mar e na Serra,
Glória a Cristo no meu coração.
II
Santo Cristo! Essa Chama Celeste,
Que irradia do Vosso Olhar,
É a Paz que ao Mundo trouxeste,
E o Mundo recusa aceitar.
Coro
Santo Cristo! Esperança Bendita!
Do Cristão que Vos ama e adora,
A min’alma vagueia aflita
Glória a Cristo na última hora
Glória a Cristo no céu e na Terra,
Glória a Cristo no Vinho e no Pão,
Glória a Cristo no Mar e na Serra,
Glória a Cristo no meu coração.
Angra, 1 de maio de 1944
Atual Hino do Senhor Santo Cristo
Glória a Cristo, Jesus, glória eterna,
Nosso Rei, nossa firme esperança,
Soberano que os mundos governa
E as nações recebem por herança.
Com o manto e o ceptro irrisório,
Sois de espinhos cruéis coroado,
Rei da dor, uma vez, no Pretório,
Rei de amor, para sempre adorado.
Combatendo, por vossa Bandeira
Que, no peito, trazemos erguida,
Alcançamos a paz verdadeira
E a vitória nas lutas da vida.
Só a vós, com inteira obediência
Serviremos com firme vontade,
Porque em Vós há justiça e clemência
Porque em Vós resplandece a verdade.
Concedei-nos, por graça divina,
Que sejamos um povo de eleitos,
Firmes crentes na Vossa doutrina,
Cumpridores dos Vossos preceitos
José da Costa
O texto do hino, é da autoria do escritor, poeta e professor, José da Costa.
José de Sousa da Costa, nasceu em Ponta Garça, Concelho de Vila Franca do Campo, ilha de S. Miguel, em 19.08.1882, e baptizado em 27.08.1882 na Igreja de Nossa Senhora da Piedade, Ponta Garça, e faleceu em Ponta Delgada, no dia 10.5.1963.
Após a instrução primária, ingressou no Seminário de Angra, onde frequentou cerca de três anos, e por motivos pessoais, regressou a S. Miguel, onde frequentou o Colégio Sena Freitas em Ponta Delgada, tendo aí completado toda a sua formação Académica e Magistério Primário, tendo exercido funções em diversas localidades na área de Ponta Delgada, Relva, Livramento e S. Roque.
Foi director da Escola Ernesto do Canto, nº 38-42, com direito a residência domiciliária na mesma instalação escolar, “edifício, pertença dos serviços de televisão”.* Poeta e latinista, fundou e dirigiu a revista angrense Arquipélago, surgida em 1931. Professor da instrução primária e um dos intelectuais micaelenses mais eruditos do seu tempo, venerou a língua pátria e o latim, ensinando aos estudantes liceais que o procuravam para explicações. Verteu para o português composições poéticas e hinos latinos, como o Stabat Mater, de Jacopone da Todi, e alguns originais de S. Bernardo. Além do que publicou em livro, havendo dele um número considerável de dispersos na imprensa açoriana. Os seus escritos, revelam ter sido um homem possuído de pensamento e sentido religioso artístico profundo, crente em testemunho de fé, conhecedor consciente da palavra de Deus.
Como cristão crente e orante, dominava os hinos e salmos do saltério, escritos em língua latina. No plano humano e à época, foi uma personagem culta, dotado no campo do saber das artes plásticas, pintor miniaturista na reconstituição de imagens, desenhou os muitos motivos Heráldicos dos Açores, e brasões de famílias nobres e ilustres da ilha de S. Miguel e dos Açores. Na qualidade de professor, foi um pedagogo que soube conjugar as letras e as palavras, onde transmitiu às gerações do tempo, os seus vastos conhecimentos no ensino das línguas clássicas, e de forma especial, o Latim.
Além do que publicou em livro, há dele um número considerável de dispersos na imprensa açoriana, nomeadamente poesia, que cultivou segundo os moldes clássicos da Arte Poética, maioritariamente voltada para assuntos elevados, patrióticos, metafísicos e religiosos, com predomínio da exaltação crística e mariana, como o provam os seus Acordes Místicos (1962) e o póstumo Relicário Poético (1965).
Compôs hinos devotos, com música, colocados à apreciação do músico violinista, Manuel Macedo, entre outros, do maestro Pe. Tomaz Borba, e exercitou ainda a poesia humorística, cujo exemplo está no poema heróico-cómico Saltapíada ou a Casula Negra (1949), o ensaio, o teatro e a arte de pintor miniaturista. Ainda em vida, fez um estudo sobre Maria Madalena, manuscrito este submetido e enviado ao prelado Diocesano para estudo e reflexão, e posteriormente ser enviado à Santa Sé, para a permissão de publicação.
Notas: *
As informações acima citadas, e sobre a sua formação académica, foram verbalizadas pela filha, Maria Angelina Vieira Costa Schandler, aquando da entrevista em 11-05-2016.
Trabalho de investigação de José Manuel Graça Teixeira Gaipo, gentilmente cedido ao Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres