A Micas do Trapo
A Micas ao cão
tem-lhe uma afeição
como ele fosse gente:
quando vai ao lixo,
leva sempre o bicho
que rosna p’rá gente.
Se vai pedir esmola
leva na sacola
o comer à certa:
quando a fome aperta,
come ela primeiro,
depois o rafeiro.
Oh! Micas do trapo
também és farrapo,
farrapo da vida
perseguindo em vão
sonhos que lá vão
na noite perdida!
Esse lixo agora
também foi outrora
desvelo e carinho,
foi rei ao seu jeito,
latejou no peito
como jorra o vinho.
E nas tuas mãos,
dedos bons irmãos
procuram, sem fim,
coisas de criança
onde ainda a esperança
não chegou ao fim.
A Micas ao cão
tem-lhe uma afeição
como ele fosse gente:
quando vai ao lixo,
leva sempre o bicho
que rosna p’rá gente.
Se vai pedir esmola
leva na sacola
o comer à certa:
quando a fome aperta,
come ela primeiro,
depois o rafeiro.
quando a fome aperta,
come ela primeiro,
depois o rafeiro.
Letra e música: Armando Estrela
Intérprete: Tereza Tarouca* (in EP “A Micas do Trapo”, RCA Victor, 1971; 2LP “Álbum de Recordações”: LP 1, Polydor/PolyGram, 1985; CD “Temas de Ouro da Música Portuguesa”, Polydor/PolyGram, 1992)
*Tereza Tarouca – voz
Conjunto de Guitarras de Raul Nery:
Raul Nery – 1.ª guitarra portuguesa
António Chaínho – 2.ª guitarra portuguesa
Júlio Gomes – viola
Raul Silva – viola baixo

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