compositor Óscar da Silva

Óscar da Silva

Composição

Compositor, pianista, considerado o último dos grandes românticos portugueses e, simultaneamente, o iniciador da música moderna em Portugal, Óscar da Silva aderiu com entusiasmo à evolução modernista, e às novas correntes. Foi reconhecido em vida como um grande compositor, bem como um intérprete genial, sobretudo de Chopin e de Schumann.

Óscar Courrège da Silva Araújo nasceu no Porto na Rua Costa Cabral, em 21 de abril de 1870, e veio a falecer a 6 de março de 1958, em Leça da Palmeira.

Em 1881 deu início aos seus estudos de música e compõe a sua primeira peça, Hino Infantil, cantada por um coro infantil sob a sua direção no Palácio de Cristal. Em 1884 começou a frequentar o Conservatório Nacional.

Em 1891 tocou como pianista pela primeira vez. No ano seguinte, em 1892, ganhou uma bolsa de estudos da Rainha D. Amélia, e viajou para a Alemanha, onde prosseguiu os estudos no Conservatório de Leipzig. Teve como mestra Clara Schumann, viúva do compositor alemão Robert Schumann, que elogiou a inigualável capacidade de Óscar da Silva para interpretar as composições do falecido marido.

Em 1894 regressou a Leça, onde viveu até 1921, na Rua Moinho de Vento. Realizou várias digressões pela Europa e América, incluindo a terra de acolhimento. Em 1896 deu o 1º recital no Clube de Leça, juntamente com Virgínia e Guilhermina Suggia, Carlos Dubini, Constança Atkinson e Frank de Castro. Em 1898 regressou a este clube, dando novas apresentações em 1900, 1902 e 1903.

Em 1901 compôs a novela lírica em 2 atos, Dona Mécia. Entre 1909 e 1910 morreram os seus pais e Óscar abandonou a casa da Rua Moinho de Vento para ir viver junto de um amigo no Lugar de Vila Franca, na Rua do Arnado, entretanto desaparecida. Foi influenciado pelo desgosto pela morte da mãe que, em 1910, compõe as Dolorosas, para piano. Em 1915 criou e publicou em livro Sonata Saudade – A viagem, para violino e piano.

Em 1930 partiu para o Brasil, onde permaneceu cerca de 20 anos, só regressando a Portugal a convite de António Salazar. Em 1935 viu grande parte da sua obra publicada e recebeu a Ordem de Santiago e Espada. Em 1940 compôs o hino da cidade do Porto.

Em 1954 Óscar da Silva regressou a Leça da Palmeira, onde passou a morar na casa duma sua antiga aluna, D. Aurélia Marques da Silva e de seu marido, o médico José Marques da Silva. No mesmo ano, o Clube de Leça organizou um concerto em sua homenagem.

O musicólogo Rebelo Bonito proferiu uma palestra, e no concerto participaram a professora Ernestina da Silva Monteiro, Carlos Figueiredo, Henri Mouton, Maria Adelaide Diogo Freitas Gonçalves e a cantora Maria Fernanda Castro Correia, acompanhada ao piano pelo próprio Óscar da Silva.

Para além das já citadas, entre as suas composições contam-se a Marcha Triunfal do Centenário da Índia, para banda; poemas sinfónicos como Alma Torturada e Marian; música de câmara, como Trio e Quarteto; trechos para piano, Imagens, Tarantela, Páginas portuguesas; bem como Nostalgias, Sonata das Saudades, Queixumes e Dolorosas, esta última tocada nas suas exéquias. Algumas partituras da obra pianística de Óscar da Silva foram editadas pela prestigiada Casa C. F. Peters, de Leipzig.

Recebeu o Colar da Ordem de S. Tiago, e as Medalhas de Ouro e Mérito Artístico da Câmara Municipal do Porto. Após a sua morte foi objeto de várias outras homenagens e concertos revivalistas. Para além da rua com o seu nome, há uma Escola de Música Óscar da Silva, em Matosinhos.

Em 2005 a Câmara Municipal de Matosinhos editou um CD “Óscar da Silva – Sonata Saudade – Violino e Piano”, interpretada por Fernando Laires no Piano e Alfio Pignotti no violino. Esta sonata enquadra-se no contexto histórico Portuguesa e na corrente estética do movimento intelectual gerado no nosso país depois de 1910, designado “Saudosismo”. A obra estreou no Porto, em 1915, no edifício do Palácio de Cristal – Teatro Gil Vicente -, tendo como intérpretes Óscar da Silva e o violinista belga René Bohet. A sonata foi inspirada na Canção X de Camões; “… Agora a saudade do passado / tormento puro, doce e magoado / que converter fazia furores / em magoadas lágrimas de amores”.

Músicos naturais do Porto
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