Gilberta Paiva

Gilberta Paiva

Piano

Nascida em Elvas em 1915, Gilberta Paiva passou a infância, adolescência e os primeiros anos da juventude em Lisboa. Aí foi aluna do Conservatório Nacional efetuando, como discípula do professor Marcus Garin, o exame final do curso superior com a classificação de vinte valores.

Realizou diversos concertos, dois deles com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, dirigida pelo maestro Pedro de Freitas Branco.

Fixou a sua residência em Vila da Feira aos 22 anos, por casamento com o Dr. Humberto Paiva, também vindo de Lisboa, médico veterinário municipal que nesta terra desempenhava as suas funções.

Houve um interregno de muitos anos no curriculum musical de Gilberta Paiva, provocado por motivos de saúde.

Quando recuperou, reiniciou a sua atividade, ministrando cursos de Solfejo e Piano no Externato de Santa Maria, nos anos 1952-54.

Em 1954, interpretou, no teatro Rivoli, o concerto nº 1, op. 23 de Tchaikovsky com a Orquestra Sinfónica do Porto, sob a regência do maestro Ino Savini.

Em Dezembro de 1955, com o alvará concedido pelo Ministério da Educação Nacional, fundou a Academia de Santa Maria em Vila da Feira e assume a sua Direção. As diretrizes fundamentais deste estabelecimento de ensino eram exercidas de um modo extremamente organizado, sendo convocados para o corpo docente elementos de prestígio.

Obteve ainda, junto da Fundação Calouste Gulbenkian, bolsas de estudo destinadas a alunos de classes financeiramente mais desfavorecidas. No ano seguinte ao da fundação da Academia, Gilberta Paiva consegue, por despacho ministerial, a oficialização dos exames realizados nos próprios estabelecimentos particulares de ensino artístico de música.

A Diretora da Academia fundou ainda, em 1956, uma delegação da Pro-Arte, sociedade de concertos na qual só era permitida atuação de artistas portugueses, privilégio raramente concedido em outras sociedades de concertos nacionais.

Em 1960, por iniciativa do reitor do liceu de Aveiro, a professora Gilberta Paiva foi convidada a fundar e dirigir um novo estabelecimento de ensino musical, o Conservatório de Aveiro, à frente do qual permaneceu apenas um ano letivo. Neste período continuou, simultaneamente, a dirigir a Academia de Música da Feira. A sua saída de Aveiro, por vontade própria, deveu-se à convicção de que a instalação anexa ao liceu ameaçava a independência do Conservatório.

A exemplo da Academia de Vila da Feira, foram surgindo, em vários pontos do país, outras Academias e conservatórios, começando por Braga e Espinho; os seus fundadores vinham, antes de iniciar a organização destas escolas, pedir conselho e informações à professora Gilberta Paiva.

A 1 de Dezembro de 1956 foi prestada uma homenagem à Diretora por um grupo de senhoras da terra, em que foi descerrado o seu retrato em tamanho natural.

É de acentuar ainda, a apresentação de Gilberta Paiva numa entrevista televisiva acerca da Academia e do ensino musical no país.

Em 1964, tendo sido convidada a organizar e dirigir um projeto de ensino musical em Lisboa, elaborou um plano que resultaria na Academia de Música de Santa Cecília. Por este motivo, foi obrigada a cessar as suas funções como Diretora da Academia de Santa Maria.

A Academia de Santa Cecília surgiu como um estabelecimento de ensino único no país, o primeiro do atualmente considerado ensino integrado. Assim, além das disciplinas musicais de frequência obrigatória, funcionavam, no mesmo edifício, as disciplinas do ensino regular. Esta escola foi inaugurada a 3 de Novembro de 1964, numa cerimónia que contou com a presença do Presidente da República, Almirante Américo Tomás. Gilberta Paiva viria a ser simultaneamente Diretora e Presidente do Conselho Administrativo, funções que exerceu durante cinco anos. Enquanto Diretora foi-lhe concedida, pelo governo francês, uma bolsa que possibilitou a visita a diversas escolas de ensino musical nesse país. De igual modo atuou o governo alemão, permitindo-lhe o contacto, em Hamburgo, Colónia e Munique, com os diversos graus de ensino musical, do nível de iniciação ao curso superior.

Em 1972, Gilberta Paiva ingressou como docente da classe de Piano no Conservatório Nacional, onde teve como discípulos, entre outros, os pianistas António Rosado e Eurico Rosado, e o compositor Patrício Lemos. Solicitou a sua aposentação em 1985.

Entre 1986 e 1989, dirigiu e reorganizou o Conservatório de Santarém.

Em Julho de 1996 foi-lhe atribuída, pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, a medalha de Mérito Municipal. Esta mesma entidade colaborou com a Academia de Música numa homenagem que lhe foi prestada a 15 de Abril de 2000 e que incluiu a atribuição do seu nome a uma das avenidas da cidade.

Foi condecorada em Outubro de 2005, com o grau de Comendador da Ordem de Instrução Pública, pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio.

Teresa Paiva | Pianista e filha da professora Gilberta Paiva.

(Academia de Música de Santa Maria da Feira, acesso a 08 de março de 2018)

[ Músicos naturais de Elvas ]
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